Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Ana Gomes Living

Spencer - A tragédia em obra de arte.

05.11.21 | Ana Gomes

spencer.jpeg

 

Sobre Spencer, um obra de arte melancólica.

 

Pouco ou nada sei sobre a histórias de rainhas e reis. 

Decorei uns quantos factos para passar nos testes de História, simpatizei com algumas histórias... absorvi outras em tempo real. 

É inegável que Inglaterra é uma referência demasiado próxima para nos ser indiferente, lembro-me do dia da morte da Princesa Diana, de estar em casa a ver as noticias... da minha mãe chegar do trabalho e de eu correr para a porta para anunciar uma coisa, que me parecia trágica... mas que eu nem sabia muito bem o que significava. 

 

Mas Spencer - o filme de Pablo Larraín - não trata desse momento. Já lá iremos... 

Quando recebi o convite para o visionamento de imprensa no meu e-mail não lhe dei grande atenção. Não estava a par da produção, não vi nenhuma das sérias das plataformas de Streaming sobre a família real, não é o tipo de conteúdo que me prenda ou chame a atenção, diria que para além de Marie Antoinette de Sofia Coppola, nada que seja histórico ou "monárquico" fala ao meu coração. 

Mas sou apaixonada por moda... e os figurinos eram um dos chamarizes desta produção, precisava de sair da minha rotina e decidi embarcar numa sessão matinal de cinema. 

O que se seguiu depois foi um encontro profundo com fantasmas - bem resolvidos, para mim - um retrato fiel, doloroso e frio de um sentimento de não pertença, de desconexão, de profunda infelicidade. Diana, num filme que tem como titulo o seu nome de solteira, é a personificação da dor, da incapacidade de cumprir uma norma, de não querer ou saber pertencer, caprichosa, vazia e com a vida a pairar sobre si, ou o fim da vida. Pablo Larraín não retrata a morta trágica, no acidente inesquecível para todos, mas retrata a morte de Diana antes do seu renascimento. A Diana, perdão... a princesa Diana, bulimica, terrível, adorável e ao mesmo tempo desprezível. Que se ilumina na rebeldia, que volta a ter uma réstia de vida com os filhos. 

As personagens da Rainha e do príncipe Carlos são - neste filme - acessórias, são apenas a certeza da dor infligida, mas acreditem ou não, até nutri uma certa simpatia por ambos, apesar de tudo. 

Toda a luz, guarda-roupa, todo o filme... em ritmo e intensidade é poético. É uma tragédia escura e pintada mestria. 

É um encontro com a melancolia, numa série de dias chuvosos e tipicamente cinzentos. 

 

1 comentário

Comentar post